A internet é uma verdadeira caixa de pandora, é o acesso total ao mundo adulto, com o que há de melhor e pior nele amplificados. Por outro lado, saber programar é deixar de ser apenas usuário para tornar-se também criador, em um mundo em que cada vez mais a tecnologia e a criatividade se entrelaçam quando o assunto é a educação do futuro.
Assim surge uma nova disciplina nas escolas, chamada Digital Literacy, que aborda como navegar com segurança, ética e sem ser presa fácil dos caminhos que se abrem na rede e que não servem ao nosso melhor interesse, apesar de serem extremamente sedutores.
E esse assunto é tão fundamental hoje em dia que até a Waldorf School of the Peninsula, conhecida pelo famoso artigo do The New York Times como "A Escola do Vale do Silício que não Computa", decidiu criar, há alguns anos, uma aula para preparar seus alunos para navegarem pelo mundo virtual.
Novas realidades, novos problemas
Todas as pressões sociais que aparecem na adolescência são amplificadas pelas redes sociais e os jogos online, pois o mundo “virtual” adiciona variáveis com as quais nós, os adultos de hoje, não tivemos que lidar na nossa adolescência.
Mesmo Ben Klocek, em sua palestra “Transforming Tech Habits” (transformando hábitos digitais), fala sobre a importância de acompanharmos os adolescentes nessa jornada ao mundo online para que eles tenham a chance de se conectar positivamente com aquilo que o mundo virtual tem a oferecer.
Esse ponto é tão importante que a Estônia, um dos países mais bem colocados em Educação no ranking da OCDE, a incluiu no currículo de suas escolas com o objetivo de ampliar a consciência dos alunos sobre o assunto e ensina-los a navegar com segurança.
Novas necessidades: saber programar
A Ministra da Educação e Pesquisa da Estônia, Mailis Reps, em uma das suas palestras na Universidade de Stanford antes da pandemia, falou sobre a importância de ensinarmos os estudantes a programarem, para que saiam do lugar de usuários e passem a ser também criadores.
Ser usuário já é uma responsabilidade imensa, e ser Criador (programador) é maior ainda, pois o poder que a criação traz pode ser usado tanto para resolver desafios da vida real e promover um progresso saudável no planeta, como para viciar, escravizar e incitar o ódio e a polarização.
Além de aprender a programar, as escolas na Estônia também têm aulas de Artes e Música desde o jardim de infância até o ensino médio, como meio de vivência e expressão da criatividade, uma das principais habilidades do futuro (e do presente).
Ser capaz de usar a internet com civilidade e criar com a razão e com o coração, em um ambiente colaborativo é, na minha opinião, uma das melhores coisas que as escolas podem ensinar.